Convenhamos. Fazer um jovem (do sexo feminino, em especial) se interessar por um livro clássico, atualmente, é como convencer um gato persa a tomar banho. Assunto já discutido à exaustão, o reinado dos joguinhos eletrônicos em detrimento dos exemplares literários já é um fato incontestável. Para um adolescente, basta um celular com pacote de dados (para twittar o dia inteiro) e um IPod Touch recheado de músicas para rebeldes, para que a felicidade seja completa.
Os poucos casos bem sucedidos de livros juvenis (que venderam bem), vêm invariavelmente seguindo uma mesma linha de enredo: A fórmula mágica que se instalou com a série Crepúsculo, de Stephenie Meyer. Alguns pais acreditam que, ao comprarem exemplares deste tipo de gênero para seus filhos, estão estimulando a leitura e conseqüentemente, impulsionando o desempenho escolar do mesmo (Para os pais e para mim, livros e boas notas andam sempre de mãos dadas).
Mas um "Porém" está subentendido, e caso sujeito à uma análise crítica, é facilmente "detectável'. A indústria livreira anda trôpega, frente ao constante decréscimo no número de clientes adultos,(Demográfico alvo, que de maneira massiva, migra para os leitores eletrônicos). Os adolescentes de 12 a 16 anos, que foram os primeiros afetados pelo poder das facilidades eletrônicas, devido à sua suscetibilidade aos encantos do marketing, já não liam tanto. Portanto, o ramo de publicação juvenil à muito vem enfrentando problemas nas vendas. O Tio Google, melhor amigo dos trabalhos escolares da galera de hoje (O famoso trabalho "Copiado e Colado") praticamente aposentou as enciclopédias, e os livros que eram, inevitavelmente, comprados para preparação do vestibular estão descaradamente disponíveis, em resumos toscos, em sites pretensiosos de nomes ridículos, como "Cola da Net" e "Deixa que o google estuda por você".
A fórmula do sucesso é simples. Editores e autores alegam que, para chegar no âmago do leitor teen, e prendê-lo a uma obra, é necessário fazer com que a personagem principal se identifique com ele. O problema é causado pela má interpretação dessa afirmação. Uma garota subserviente, insegura, (vez em outra potencial suicida) que se acha Horrenda, se veste mal por opção e passa a viver sua existência vazia presa a um príncipe encantado às avessas é o arquétipo mais comum de protagonista.
A mensagem que as obras deste tipo passam são simplesmente a antítese para a auto-afirmação que os adolescentes tanto procuram, mesmo que eles ainda não saibam disso. Seja dependente de um homem, prefira ser feia, não estude, assuma sua burrice, não trabalhe seus pontos francos, e caso leve um fora, simplesmente se mate. É isso que os livros juvenis de hoje gritam.
A pesquisa para se escrever um livro juvenil é equiparável à um trabalho de lavagem cerebral. O apelo sexual, a tendência ao misticismo, a abordagem negativa de temas polêmicos, como drogas e bebida, entre outros, agradam os jovens à primeira vista, mas causam danos na maneira de perceber o mundo. Para as editoras é lucrativo. O dinheiro continua entrando, e a fama das obras medíocres se espalha mais rápido que fogo em madeira podre. Isso não é literatura. É exploração. E o pior é que, em fase de formação, jovens costumam tomar como verdade tudo aquilo que lhes convém, o comportamento deturpado é constantemente adotado na vida real. Enquanto o sexo for rentável, assim como a autodepreciação e o drama (Sim, jovens adoram isso) os adolescentes continuarão presos a correntes intelectuais invisíveis. E os problemas de formação vão continuar.
Então já sabe. Quer escrever um livro teen e ganhar muito dinheiro? Basta um final previsível, capítulos mal-escritos, uma protagonista estúpida e um galã doce, rico e simpático (E sem camisa).
Voilá.